Gazeta Mercantil – Planos de saúde têm que melhorar sua imagem perante os usuários

Planos de saúde têm que melhorar sua imagem perante os usuários

Pesquisa mostra que empresas têm uma das piores avaliações custo-benefício do mercado

Regiane de Oliveira
São Paulo

Desde a criação da Agência Nacional de Saúde (ANS), em 2000, os conflitos entre planos de saúde e clientes, sejam eles pessoa física ou empresas, passaram a ser mediados com base em uma legislação forte. Mas isso não foi o suficiente para reduzir os conflitos, muito menos melhorar a percepção que os clientes têm dos serviços oferecidos. Pesquisa feita pela consultoria CVA Solutions – subsidiária da multinacional norte americana CVM Inc. – mostra que os planos de saúde têm valor de percepção (custo-benefício) ruim frente a outros setores da economia. A nota dada pelos clientes para os planos de saúde, numa escala de 1 a 10, foi 6,69, um resultado considerado bom, não fose a base de comparação. Das 13 atividades econômicas analisadas, os planos de saúde só têm notas maiores que as companhias de celular e os bancos. Nos demais, perdem para segmentos como eletrodomésticos (9,28), eletrônicos (9,05) e até mesmo os polêmicos serviços de assistência técnica (8,68).

E é a boa imagem de algumas empresas, especialmente as seguradoras de saúde, que puxam a performance do setor. O levantamento feito com quatro mil pessoas mostra que, em São Paulo, Bradesco Saúde, Sul América e Porto Seguro são as empresas com maior atratividade líquida – indicador que mede a atratividade das empresas, menos as rejeições. No Rio de Janeiro, Bradesco Saúde, Unibanco AIG Saúde e Amil foram as empresas que se destacaram na percepção dos clientes com alta atratividade e baixa rejeição.

Em contrapartida, planos de saúde como Samcil, Intermédica, em São Paulo, e Golden Cross no Rio, apresentaram alta rejeição dos clientes e baixa atratividade, em comparação com outros planos. As empresas que tiveram baixa atratividade, porém não foram rejeitadas pelos clientes, são: Dix, Amico, Unimed Paulistana, Medial, Cassi, Assim, Unimed Rio, GEAP e AMS Petrobrás.

O estudo também analisou 18 planos odontológicos, 74 hospitais, 27 laboratórios de análises clínicas, sete fabricantes de medicamentos genéricos e 21 redes de farmácias. Nestes setores destacaram-se na visão dos clientes empresas como a Odontoprev, Hospital Israelita Albert Einstein, Fleury, Sérgio Franco Bronstein, Medley, Ultrafarma e Farmais.

Segundo Sandro Cimatti, sócio da CVA no Brasil, apesar de algumas empresas terem atratividade líquida baixa, o valor percebido pelos clientes é uma oportunidade para mudanças. Mas essas empresas ainda precisam resolver um descompasso entre o que as empresas oferecem e o que os usuários consideram importante.

A pesquisa mostra, por exemplo, que 60% dos clientes estariam dispostos a participar de programas de prevenção dos planos de saúde, desde que fosse oferecidos benefícios, como descontos na mensalidade. E mais, em busca de vantagens, 71% dos entrevistados também aceitariam começar suas consultas sempre com o mesmo clínico geral – uma medida que pode reduzir o custo médico das empresas. “Prevenção é o atributo mais importante na avaliação dos usuários e o quarto mais importante na avaliação das empresas que contrataram os serviços de saúde. Porém, a grande maioria dos clientes não sabe que seu plano oferece este serviço”, explica Cimatti.