Produtos para cães e gatos movimentaram R$ 14,2 bilhões, no ano passado. Brasil Já é o segundo maior mercado mundial, perdendo apenas para os EUA
GABRIELA MURNO

Com uma população de pets estimada em 39 milhões de cachorros e 10 milhões de gatos, não é de se estranhar que esse mercado tenha movimentado R$ 14,2 bilhões no Brasil no ano passado, quando a população de animais domésticos cresceu 4%, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).
O Brasil já é o segundo maior mercado mundial de produtos da categoria, atrás apenas dos Estados Unidos. Com isso as indústrias de rações traçam novas estratégias para abocanhar novos consumidores e trazer os adeptos de concorrentes.
“Já há uma grande população de cães e gatos no país e as pessoas, com o aumento do poder aquisitivo, podem alimentar seus animais com rações melhores. Além disso, mais visitas aos veterinários contribuem para a maior penetração das rações, pois os donos dos

animais são doutrinados por esses profissionais de que elas são a melhor opção para alimentar seu animal”, explica Sandro Cimatti, diretor da CVA Solutions, responsável pela pesquisa “Pet Care Cães e Gatos”, que traça um perfil do mercado de rações, com dados da penetração das marcas.
O estudo apontou que Pedigree e Whiskas, ambas fabricadas pela multinacional Mars, são as marcas mais fortes em se tratando de comida para cães e gatos. Entretanto, Equilíbrio, para cachorros, e PremieR Pet, para gatos, são as mais bem avaliadas na percepção do consumidor.

Cimatti explica que a diferença está na estratégia de cada fabricante. Segundo ele, os produtos considerados premium, como os da PremieR Pet, dependem muito da recomendação dos veterinários, pois as propagandas são discretas e os artigos são vendidos apenas em pet shops e clínicas veterinárias. Por isso, são melhor avaliadas pelos consumidores, embora suas marcas não sejam tão conhecidas pelo público em geral.

De acordo com Madalena Spinazzola, gerente de planejamento estratégico e marketing corporativo da PremieR Pet, para 2013, a empresa vai manter o seu diferencial, que é promover campanhas e atividades diferenciadas nos pontos de vendas. “Consideramos que o mais importante é crescer sempre de maneira sólida, manter o foco no cliente e na inovação”, diz.
á na segunda categoria, que engloba marcas intermediárias, como Pedigree (Mars), os preços são menores, mas o valor de suas marcas é maior, pois eles estão mais próximos do consumidor, com propagandas em veículos de massa e maior capilaridade de pontos de venda, como as redes varejistas e mercados em geral.
“O terceiro grupo engloba as empresas que apostam no baixo preço e em estratégias de pontos de venda para impulsionar seus negócios”, diz Cimatti, acrescentando que o consumidor não associa as rações aos seus fabricantes. Pouca gente sabe, por exemplo, que a Purina, fabricante de rações como Alpo, Dog Chow e Kanina, é uma divisão da Nestlé.

“Os fabricantes poderiam fortalecer mais a ligação da marca corporativa com a marca dos produtos, visando maior confiança do consumidor, como já ocorre com alimentos humanos. Isso poderia rentabilizar o esforço de comunicação”, completa.
Professor de gestão de marcas e marketing estratégico da ESPM, Marco Bedendo alerta, entretanto, que foi opção da Nestlé não se associar diretamente à marca Purina, por medo de possíveis associações negativas.
“A Nestlé é uma marca de alimentos humanos. Os consumidores poderiam questionar se percebessem a atuação no setor de alimentação animal. Faz sentido ela ter os dois itens em seu portfólio, por sinergia de produção e distribuição, mas o público não tem consciência disso”, ressalta. Segundo ele, o mesmo acontece com a Mars e suas rações.
Para Bedendo, a desvantagem é o não aproveitamento do peso construído pela marca Nestlé. “Ela possui tradição e é uma marca com credibilidade e confiança”, acrescenta. Procuradas, Nestlé e Mars não quiseram falar sobre sua atuação no mercado pet.
Megastore de pets se espalha pelo Brasil
Fundada pelo empresário Sérgio Zimmerman há onze anos, o Pet Center Marginal se firmou como um ponto de encontro de paulistanos, que ali compravam ração,

levavam seu bicho de estimação ao veterinário e para banho e tosa. Mas a Megastore, batizada com o nome da via onde está a primeira loja, a Marginal Tietê, vem passando por uma rápida expansão: nos últimos dois anos a bandeira foi se espalhando por novos endereços em São Paulo, Santos, Brasília e Rio, atingindo em onze cidades.
Só no ano passado foram investidos R$ 14 milhões em novas lojas.
Em 2012, eles inauguraram ainda um centro de distribuição na Rodovia Anhanguera, com capacidade para atender até cinquenta lojas, e um hospital veterinário que funciona 24 horas e é equipado com centro cirúrgico, raio-x digital, ultrassom com doppler e colocação de próteses, na Avenida Pacaembu, no bairro nobre de São Paulo. Ali, o dono tem a opção de acompanhar a recuperação do pet em quarto com TV e frigobar.
A meta é terminar o ano com 25 pontos de vendas, o que inclui um segundo endereço no estado do Rio, em Niterói. Cada nova loja demanda investimento de entre R$ 2 a 3 milhões, feito com capital próprio. Nos entre mil e três mil metros quadrados estão reunidos até 20 mil produtos, que vão roupas, acessórios, brinquedos e alimentos até itens mais luxuosos, como água especial e comida congelada. A venda de rações para cães e gatos responde por 60 % das vendas, que devem superar a marca de R$ 150 milhões neste ano, crescimento de 30 % em relação ao ano anterior, segundo responsável pelo marketing, Hélio Freddi Filho. Em média, passam pelas lojas do grupo 400 mil visitantes ao mês.
Uma das estratégias para fazer com que o cliente sempre volte é o Vale a Pena ser Fiel, cartão de fidelidade que já conta com 200 mil associados. Com quatro cachorros, alguns gatos e muitos milhões de reais, Zimmerman está sorrindo à toa.