Monitor Mercantil – Brasileiro não quer pagar anuidade, mas usa cartão por recompensar milhagens

“O brasileiro está cada vez mais atento aos programas de recompensas oferecidos por seus cartões de crédito, fato que vem gerando aumento e freqüência do uso do meio de pagamento. Ao mesmo tempo o cliente não quer pagar a anuidade do cartão, fato que faz com que o setor seja mal avaliado na relação custo-benefício”. As informações fazem parte da quarta edição do Estudo Cartões de Crédito da CVA Solutions, finalizado em abril, com a participação de 6.029 entrevistados em todo o país.

O estudo – que analisou cartões de instituições financeiras, de varejo e suas bandeiras – revelou que a maior força da marca (a atração menos rejeição perante clientes e não clientes), entre os emissores, é do Itaucard, seguido pelo Ourocard, Amex, Bradesco e Santander. Entre as bandeiras a maior Força da Marca continua sendo da Visa, seguida por Mastercard. Mastercard vem ganhando market share desde 2010 quando tinha 37,2% aumentando para 41,5% em 2014.

Já em valor percebido (relação custo-benefício percebido por seus clientes), entre os emissores financeiros, o Amex lidera, seguido por Porto Seguro, HSBC, Santander e Credicard. No varejo o destaque em valor percebido fica para Saraiva, seguida por Pernambucanas, Hipercard, Submarino e Magazine Luiza. Entre as bandeiras, Amex lidera, seguido por Hipercard, Visa, Diners, Mastercard e Elo.

– A anuidade é o elemento crítico, pois existe um movimento dentro das instituições financeiras em diminuir a gratuidade dos cartões. Isso vem gerando insatisfação do usuário, que neste estudo deu uma nota pior ao setor – explica Sandro Cimatti, sócio-diretor da CVA Solutions, empresa de pesquisa de mercado e consultoria, subsidiária da norte-americana CVM Inc., há 13 anos no Brasil.

De acordo com o novo estudo, 54% dos usuários de cartões de crédito tem programa de recompensas em seus cartões de crédito, dos quais 46% já resgataram algum tipo de recompensa (65% produtos diversos, 41% passagens aéreas, 13% minutos no celular, 10% estadias em hotel e 12% outras recompensas). 41% dos consumidores já tiveram pontos que expiraram no seu programa de recompensas, fazendo com que 66% desejem participar de algum programa centralizador de pontos tipo Múltiplus, Smiles ou Dotz. Mais de 48% já participam de algum programa centralizador de pontos.

Para Cimatti os emissores devem ficar alertas em relação à insatisfação dos consumidores com a anuidade e com a atratividade de seus programas de recompensas, pois os consumidores possuem em média 2,2 cartões de crédito e cada emissor deseja que o seu cartão seja o mais utilizado pelo consumidor e não o cartão do concorrente.

O segmento de cartões de crédito recebeu uma nota baixa, 6,96 (em uma escala de 1 a 10), entre os 38 setores da economia pesquisados pela CVA. A nota é inferior à conquistada em 2012, que foi de 7,14. A posição dos cartões ainda é melhor do que a de TV por assinatura, planos de saúde, internet banda larga e operadoras de telefonia celular – o pior setor, com nota 5,86. O valor percebido para os setores pesquisados se baseia na nota de custo-benefício percebido e tem como melhor segmento o de forno microondas, com nota 8,87.

O emissor financeiro com maior força de marca (atração menos rejeição perante clientes e não clientes) continua sendo o Itaúcard, com 17,3%, tendo crescido em relação a 2012, quando era de 15,9%. O Ourocard está na segunda posição com 14,3%. Amex cresceu de 6,1% para 8,3% e o Bradesco aumentou de 3,6% para 5,1%.

Entre as bandeiras a Visa continua liderando, agora com 48,7%. Mas os destaques são para Mastercard e Amex que cresceram. Mastercard foi de 27,4% para 28,3% e Amex subiu de 2,9% para 4,3% em Força da Marca.

O melhor valor percebido (custo-benefício percebido pelos clientes) foi atribuído aos emissores Amex (1,08), Porto Seguro (1,05), HSBC (1,02). No varejo as melhores notas foram para Saraiva (1,08), Pernambucanas (1,05), Hipercard (1,04) e Submarino (1,03).

Já entre as bandeiras, as melhores avaliações foram atribuídas para as bandeiras Amex (1,08) e Hipercard (1,05). Visa, Mastercad e Diners apresentaram um valor percebido na média do mercado (1,0).

Em comparação ao estudo anterior, realizado em 2012 pela CVA Solutions, o nível de recomendação líquida (os promotores menos os detratores) dos cartões de crédito caiu muito, quase pela metade. Quando perguntados sobre qual a probabilidade de indicar o cartão para um parente ou amigo, 14,9% foi a recomendação líquida entre os cartões de instituições financeiras e 10,7% entre os cartões de varejo. No estudo anterior os índices eram 27,5% e 24,5% respectivamente.

O novo estudo mostrou que mais usuários utilizaram o pagamento parcial da fatura, sobre o qual incidem juros abusivos sendo a pior forma de financiamento para o consumidor. Em 2012, 30% tinham utilizado pagamento parcial da fatura nos últimos 6 meses, em 2014 o índice aumentou para 34%.

Os bancos que conseguem ter mais cartões de crédito em comparação ao seu número de correntistas (cross sell) são o Citibank, Itaú e Santander.
– BB, Bradesco e Caixa têm a oportunidade de aumentar sua emissão de cartões – comenta Cimatti.
Entretanto, não basta o consumidor ter o cartão de crédito, é importante ele utilizá-lo. Os emissores cujos cartões são mais utilizados (share of wallet) são BB, Itaú e Santander. Para as bandeiras os maiores índices de share of wallet são da Elo, Visa e Mastercard.

Consumo consciente contribui para o pagamento das contas em dia

Diante de um cenário econômico que aponta um segundo semestre de instabilidade na capacidade de pagamento das dívidas por parte das famílias brasileiras, a Boa Vista Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) orienta os consumidores a redobrarem a atenção na tomada de decisão de uma nova compra. A conjuntura de instabilidade vem sendo observada em seu Indicador de Inadimplência do Consumidor que, no acumulado do ano até maio, apresentou elevação de 2,3%, se comparado ao mesmo período do ano passado.

Segundo Fernando Cosenza, diretor de Sustentabilidade da Boa Vista SCPC, apesar de a área de Indicadores Econômicos da empresa manter a expectativa de que a tendência dos registros de consumidores inadimplentes, para o ano, permaneça abaixo do patamar de 3%, o ideal é que os consumidores fiquem atentos para não comprometerem indevidamente as finanças e, em conseqüência, as condições de cumprimento de quitação das dívidas.

A primeira orientação é avaliar, se possível com a participação de todos os membros da família, a necessidade de novas compras e mais, de cortes de despesas que de fato não sejam necessárias. Por isso, o planejamento do orçamento familiar é tão importante em períodos como o atual, com juros mais altos e inflação elevada.

O segundo passo é economizar. Ou seja, em vez de fazer uma nova compra, por que não usar o dinheiro que está sobrando para dar início a uma poupança ou a algum tipo de aplicação que possa ser utilizada, por exemplo, em uma situação emergencial? Muitas pessoas alegam que deixam de pagar as contas, principalmente, em duas situações: quando perdem o emprego ou quando enfrentam problemas de saúde na família.

No entanto, de acordo com Cosenza, o equilíbrio do orçamento doméstico exige mais do que cortar gastos e economizar. Segundo o diretor de Sustentabilidade da Boa Vista SCPC, o consumidor deve assumir o compromisso de controlar suas receitas e despesas continuamente, além de ter organização e planejamento.